Lost in Translation: uma compilação ilustrada de palavras intraduzíveis

quarta-feira, setembro 30, 2015

Foto por Melina Souza.
Diante da variedade cultural e idiomática do mundo, é natural que nos deparemos com palavras cujo significado é desconhecido para nós, afinal, é humanamente impossível alcançar fluência em mais de 300 idiomas. Graças ao progresso tecnológico, ferramentas como o Google Tradutor nos permitem desvendar o mistério por trás da disposição de determinadas letras.

Mas se você tentasse descobrir o significado de qualquer uma das mais de cinquenta palavras contidas em "Lost in Translation" através delas, perderia o seu tempo e ficaria, como bem diz o título do livro, perdido. Ella Frances Sanders reuniu diversos verbos, adjetivos e substantivos próprios de alguns idiomas (dentre eles nossa saudade e nosso cafuné), que não possuem tradução equivalente em nenhum outro e explicou-os através de suas ilustrações. 

No capítulo introdutório, Ella diz que todo o processo de composição e criação da obra a fez olhar para a natureza humana de uma maneira completamente diferente e nova. Conforme folheava as páginas, percebi que a artista verdadeiramente entende a beleza das palavras e pude mergulhar, ainda que rasamente, na cultura de cada povo representado. 

Entre palavras inusitadas como pizan zarra, usada pra descrever o tempo necessário para se comer uma banana, e poronkusema (a distância que uma rena pode andar confortavelmente sem parar para descansar), e outras engraçadas, como a alemã drachenfutter, que significa, literalmente, "ração de dragão" e descreve o ato de dar presentes à esposa para se desculpar por mal comportamento, encontrei algumas que merecem um espaço especial neste post. 

Cummuovere


Todo bom leitor já foi tocado de tal maneira por uma história que foi levado às lágrimas, não é? Ah, os italianos e sua passione! Eles têm um verbo que descreve exatamente esta situação.

Meraki



"Meraki" significa doar-se de todo o coração a algo e fazê-lo com muita alma, criatividade e amor. Esse adjetivo vem do grego e me causou uma ótima impressão a respeito da cultura desse povo, que certamente busca valorizar as coisas simples do dia-a-dia. 

Resfeber



Quando estava prestes a viajar para Londres, não sabia que havia uma palavra que nomeasse a confusão de sentimentos que eu abrigava em meu coração. "Resfeber" é um substantivo sueco que descreve "as batidas incansáveis do coração de um viajante antes que a jornada comece; uma mistura de ansiedade e expectativa". 

Tsundoku



Atire a primeira pedra quem nunca disse "só mais um!" e comprou um livro apesar de possuir vários que ainda não foram lidos na estante. É provável que essa prática seja muito comum no Japão, afinal, eles têm uma palavra só pra isso. 

Trepverter


"A resposta perfeita para um insulto, mas que só vem à sua mente quando é muito tarde para usá-la."

Naz



"O orgulho e segurança que vêm da certeza de ser amado incondicionalmente". Obrigada, Jesus!

Jugaad


"Garantir que as coisas aconteçam, ainda que com recursos mínimos". É um substantivo hindí, mas bem que poderia fazer parte da nossa língua, afinal, o brasileiro vive improvisando e tem criatividade de sobra!

Kilig



Nada mais justo que exista uma palavra para descrever uma sensação tão universal quanto a de possuir borboletas no estômago, não?! 

"Lost in Translation" é daqueles típicos livros que devoramos em poucas horas e fazem o nosso dia mais alegre. Ele nos inspira não só porque temos vontade de transformar algumas de suas ilustrações em quadros para pendurá-las parede do quarto, mas porque nos estimula a buscar a resposta para as nossas perguntas no outro, no próximo.

"Pode ser que existam alguns pequenos e essenciais buracos em sua língua materna, mas não tenha medo: você pode olhar para outras linguagens para definir o que você está sentindo, e estas páginas são seu ponto de partida."

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